ponte_arrabida

2—5 dez’21, casa comum (reitoria do Porto)

— LI(ea)VING UTOPIA

Nos últimos anos, de forma inesperada e repentina, fomos confrontados com a necessidade de redefinir novas práticas de vida. Foi um “exercício de projeto” à escala global e a todos os níveis: desde as relações pessoais e afetivas, até à forma de reorganizar o espaço da casa, da cidade, do trabalho, além do nosso posicionamento enquanto indivíduos na sociedade.
Neste contexto, tornou-se urgente refletir sobre o conceito de Utopia, enquanto novos cenários estão a ser traçados. De que forma voltaremos a uma “nova normalidade”? E que feições terá? Cada um estará a imaginar uma resposta diferente. Por isso, porque não reavaliar as Utopias do passado para inspirar o momento presente? As Utopias de ontem poderão ser as realidades de amanhã? E quais as Utopias do presente que estamos a imaginar para o futuro?
A palavra “Utopia”, de origem grega ou–tupia, pode significar, por um lado, um “não lugar” algo que não pode existir, algo impossível e, por outro lado, esta mesma palavra remete também para eu–topia, ou seja, um “lugar feliz”.

A programação da segunda edição de DESIGNAgorà “LI(ea)VING UTOPIA” pretende explorar esta dupla dimensão do conceito de Utopia, em que coexistem projetos utópicos fracassados, movimentos “extintos”, edifícios suspensos entre os sonhos e a crueza da realidade, mas também projetos visionários, alguns ainda por alcançar, verdadeiros devaneios da sociedade contemporânea e, por fim, exemplos da criação de um espaço onde nos podemos encontrar e sermos felizes, individual e coletivamente.
Uma programação que propõe curtas, médias e longas-metragens que questionam o valor, a herança e a forma das Utopias na área do design, da arquitetura e do urbanismo, desafiando o público através da pergunta: “Há lugar para a Utopia?”.
Há cem anos o historiador e sociólogo Lewis Mumford no ensaio “História das Utopias” incitava à construção de castelos no ar dos alicerces por baixo das nossas eu–topias. “Poderão não ser perfeitas, mas suficientemente boas” como diz o professor Nuno Grande, no filme que encerra esta segunda edição, a propósito da obra de Nuno Portas, visionário arquiteto e urbanista português.